----- Original Message -----
From: Nádia Lopes
Sent: Monday, June 30, 2003 10:06 AM
Subject: Integria & Pintura Primal



Visitei um lugar mágico, desses tantos que existem pelo mundo e muitas vezes não enxergamos, por que enxergar exige parar, prestar atenção e mudar a partir de...

Um lugar assim, que me fez carinho com sofás gordos, silêncio, beleza, tranquilidade , comidas feitas na hora, pães quentinhos, mas principalmente um lugar que me abençoou com gente feliz e harmônica, um lugar que tem a missão de nos dar sossego e nos dar tempo e espaço para sermos integrados, o que é difícil e lindo!

O Integria, assim se chama, surgiu como projeto de vida de um casal, o que dá ao contexto, toda uma nova luz e um novo gosto. O casal corre muito, mas dão conta de todos os detalhes e são incansáveis servindo, sorrindo, cantando e tocando violão ao fim do dia...

Sempre acreditei que fazer qualquer coisa com prazer, dá um retorno grande, dá felicidade e acho que foi isso que senti e vivi por lá, gente sendo e fazendo mais e mais pessoas felizes, é pra aprendermos a ser e fazer felicidades que estamos no mundo,certo?

Viver de qualquer jeito é um desperdício, não se dar prazer é uma estupidez, não ser feliz é uma perda de tempo. E como insisto sempre, é uma opção!

Fiz um curso de pintura primal nesse lugar, que é um estilo que ensina a pintar e desfazer várias vezes e depois se entregar ao que restou e enxergar ali o que se quer destacar.

Muito lindo e muito enriquecedor! Na prática tínhamos sempre uma cartela de cores: preto, vermelho, azul, verde, lilás, amarelo ...Poderíamos usá-las como bem entendêssemos, mas era preciso usar todas, e caso quiséssemos continuar a pintura, receberíamos todas novamente na mesma medida.

Similar a vida, recebemos sombras, luz e cor (dor, prazer e chances ) precisamos esgotá-los para seguir em frente.

Depois de brigar com o preto que acabava escurecendo tudo, aprendi a conhecer o preto, tirei sua força ao misturá-lo com outras cores fazendo novos matizes. Descobri que é preciso reconhecer e trabalhar a nossa escuridão, é preciso continuar tentando.

Seguindo o processo quando acabado o nosso quadro, tínhamos que passar uma esponja úmida por ele. De novo a vida e o eterno e diário recomeçar. Ficavam ali encravados alguns tons suaves, já não era mais o papel branco onde começamos. Nenhuma experiência passa por nós sem deixar marcas, só permanece inalterado quem não se relaciona, não se permite experimentar e se colorir.

E assim depois de algumas aquarelas feitas e desfeitas, no mesmo papel, estava ali, nossas experiências, nossas marcas, nossa vivência, precisaríamos agora relaxar e enxergar o que gostaríamos de destacar em tudo que víamos e agora sim, pintar nosso quadro.

Também diariamente temos essa oportunidade de enxergar os sentidos e destacar o que queremos levar adiante.

Estou falando mesmo sabendo que as palavras serão sempre muito frágeis e mudas para expressar emoção, mas preciso contar que por dois dias, a vida teve um gosto leve, comi bergamota no sol, andei descalça, conheci gente, me reconheci e vi que estar no mundo pode não ser assim tão grave e sem saída, como tem nos feito acreditar e nos empurrado goela abaixo, a vida é esse exercício de escolher as cores, gastá-las buscando o melhor resultado, depois desmanchá-la sem muito apego em prol de um novo e brilhante quadro, a vida é só uma aquarela e nós uns pintores inexperientes tendo dificuldades com o preto, com os pincéis, com o papel, vamos sempre em última caso ao viver/pintar aperfeiçoar a prática, a técnica e provavelmente lá adiante vamos querer outra prática e nenhuma técnica pré-estabelecida vai nos alimentar a alma. E aí teremos sempre a chance de repintar a tela.

E sempre vai valer a pena ter amanhecido! Tem que valer!

ps- Esse lugar chama Integria (www.integria.org) é um Spa da alma e vale conhecer!

ps II - essa foi a pintura que saiu de tudo isso...